TARDE VAI O DIA
Tarde vai o dia
E na noite, a vida que se espraia
Lá longe a montanha
Nessa altivez sem tempo para o tempo
Lá longe a distância próxima de um sonho
Essa conquista que nos empurra sempre
Mas o sempre é efémero
E a tristeza existe
E a beleza resiste no mundo
Mas eu estou aqui
Andamos
Cansados ou frenéticos
Profundamente desprotegidos e ungidos
Ai que loucura esta aventura
Que nos foge por entre os dedos
Ledos
Gritos, sorrisos
Mãos que chegam e ficam para afagar
Que se perdem no desejo único de um momento
Mãos que se estendem à animalidade
Desesperos
Bramidos, luz de um dia lindo
E lá longe a montanha
E eu aqui nesta pequenez
E eu aqui nesta avidez
E eu aqui…
E eu aqui…
E eu aqui…
Quero esse mar imenso
Essa profundidade
Olhar no horizonte desde a areia que se faz ao esperar
No embater
Que se divide no beijo das ondas
Na música das gaivotas o peixe que salta
O Homem na faina
A procura
O alimento
A poesia que me satisfaz
E já é noite outra vez
Tarde vai o dia
Até um dia…
Rui Luzes Cabral
21 de Março 2016
No Dia Mundial da Poesia
23:32 horas