Foi recentemente noticiado que o Brasil, pela primeira vez em toda a sua história, deixou de ser devedor parar passar a ser credor do FMI – Fundo Monetário Internacional. Para quem aqui há uns anos olhava para este líder da oposição brasileira com desprezo, considerando mesmo que nunca estaria à altura do cargo, que pensarão agora.
"Quando hoje olhamos para o mundo através de todas as camadas sociais, constatamos que não passa de um grande, de um enorme covil cheio de grandes ladrões... Aqui, seria necessário calar quanto aos pequenos ladrões, para atacar os grandes e violentos, que diariamente roubam não uma ou duas cidades, mas a Alemanha inteira... Assim vai o mundo: quem pode roubar pública e notoriamente vai em paz e livre e recebe aplausos. Em contraposição, os pequenos ladrões, se são apanhados, têm de carregar com a culpa, o castigo e a vergonha. Os grandes ladrões públicos, porém, devem saber que perante Deus são isso mesmo: os grandes ladrões." Martinho Lutero
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
José Régio
Cartoon: Público (P2), 18 de Abril de 2009
A sociedade actual assenta economicamente no consumo. Se não se comparem carros, televisões, computadores, calçado, roupa, cremes, preservativos, bicicletas, livros, carne, está tudo “estragado”. Se não se for de férias, se não formos a restaurantes, a hotéis, cafés, todos “berram” e é um “ai jesus” colectivo porque pouco se vende. Para quando um sistema assente noutro paradigma, em que os pressupostos sejam outros. Aqui há uns anos, é sabido, a dependência não era tão grande do consumo mas com o aumento daquilo a que alguns chamam qualidade de vida, as coisas têm-se deteriorado quando há uma crise à vista, logo redução do consumo.
Imagem: A Terra vista da Apollo 17
Na Turquia, está a aumentar o número de mulheres que se suicidam para “lavar a vergonha” das famílias. Fecham-nas num quarto e dão-lhes veneno para ratos, uma pistola ou uma corda. São três de muitas opções. Os crimes de “honra” continuam a um ritmo de “mais de 5000 por ano”. São cometidos em comunidades religiosas e não religiosas. E entre as vítimas também há homens. Extracto da reportagem de Margarida Santos Lopes, Público (P2), página 4, 18 de Abril de 2009.