por Sérgio Cabral, em 21.04.08
O primeiro aspecto refere-se aos vitrais, que inundam o ambiente interior, com uma luz mística. Vistos a partir de fora, estes vitrais parecem escuros, carregados e até lúgubres. Mas, quando se entra no Templo, de repetente, tomam vida. Ao reflectir a luz que os atravessa, revelam todo o seu esplendor.
Muitos escritores usaram a imagem destes vitrais, para ilustrar o mistério da própria Igreja. Somente a partir de dentro, da experiência de fé e de vida eclesial, é que vemos a Igreja, tal como verdadeiramente ela é: cheia de graça, esplendorosa pela sua beleza, adornada por múltiplos dons do Espírito.
Consequência disto é que nós, que vivemos a vida da graça, na comunhão da Igreja, somos chamados a atrair todas as pessoas para dentro deste mistério de luz. Não é um compromisso fácil, num mundo que é propenso a ver a Igreja «a partir de fora», da mesma forma que aos vitrais: um mundo que sente profundamente uma necessidade espiritual, mas que acha difícil «entrar no» mistério da Igreja.
Também para alguns de nós, a partir de dentro, a luz da fé pode enfraquecer pela rotina. E o esplendor da Igreja pode ser ofuscado pelos pecados e fraquezas dos seus membros. O ofuscamento pode ser originado pelos obstáculos encontrados numa sociedade que, às vezes, parece ter esquecido Deus e que se irrita diante das exigências mais elementares da moral cristã.
Bento XVI, da homilia na missa celebrada na catedral gótica de St. Patrick’s (na foto) em New York – 19.04.2008