Fechados que estão os silos de milho, chegou a vez dos nossos campos voltar a recuperar o verde característico desta época do ano. Mais uma vez, depois de gradada, foram lançadas à terra as sementes do azevém , continuando assim a harmoniosa relação dos lavradores com ela. Apesar de não haver perspectivas do aumento do preço do leite ou de qualquer tipo de incremento no rendimento destes, estes mantêm-se fies ao seu lavor sem convocar greves e sem grandes alaridos. O mais triste no meio disto tudo e que ninguém lhes dá cobertura nem protagonismo, ainda que eles o quisessem. Não estendo como é que, por vezes, nos meios de comunicação social se pode dar tanta importância a certos colectivos, como os quadros médios e superiores da função pública, a reclamar aumentos baixos em salários superiores a três, quatro, cinco ou dez salários mínimos, e ninguém se interesse pela agonia, lenta mas imparável da lavoura. Um blog chamado lavoura, tem que ser a voz desta gente. Não quero um Loureiro industrial com os campos “a monte” e atormentado pelas deslocalizações de empresas e pela precariedade laboral. A lavoura tem que ser uma alternativa de desenvolvimento para o nosso meio. No nosso brasão há um ferro de enxada, deixar morrer a lavoura é deixar morrer parte da nossa identidade.
Fernando M. Silva